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domingo, 26 de outubro de 2014

Joãozinho e a professora

Boa noite leitores.
Me chamo Magnum, esposo da prof Fabi e estarei participando do blog como colaborador. Espero que apreciem a leitura.
Joãozinho e a professora serão os personagens de uma série de crônicas que tem por objetivo questionar velhas práticas na educação. Vamos a primeira delas.

A professora pediu que os alunos fossem para casa e fizessem seu tema de divisão. Preocupou-se, como uma boa e velha professora, em explicar como fazer contas de divisão:
- É muito simples! Basta pensar qual o número na tabuada do divisor mais se aproxima do dividendo, desde que seja menor. Se o dividendo for muito grande, é só armar a conta. Coloca o divisor à direita dentro de uma casinha e o dividendo á esquerda. O resultado abaixo do divisor. Façam por partes: se o primeiro número do dividendo for menor do que o divisor, tomem os dois primeiros para o primeiro passo e então procurem na tabuada o número que mais se aproxima e que seja menor. Escrevam o número que encontraram na tabuada abaixo da sequência selecionada e subtraiam um do outro. Abaixo do divisor vai o multiplicador que aparece na tabuada e que dá o resultado utilizado. Toma-se o resultado da subtração e aglomera-se o próximo algarismo do dividendo. Repete-se o processo até que chegue-se a um número que seja indivisível por este divisor. SIMPLES!!!
Toca o sinal e a professora anuncia:
-Tema para o fim de semana: resolver os problemas de divisão no livro, nas páginas 121,122 e 123. Bom fim de semana a todos!
O pai de Joãozinho vai buscá-lo na escola e indaga:
-O que aprendeu hoje Joãozinho?
-Divisão papai!-responde o filho empolgado.
-Verdade? E como se faz?-pergunta o pai.
-Muito simples! Tem o divisor, o dividendo, o resto e um fica a direita... outro a esquerda... não lembro muito bem mas com a tabuada fica mais fácil!-disse o menino um pouco menos confiante.
Ao chegar em casa o estudante sentou-se para fazer o tema. Foi então que começaram as dificuldades:
-Quem é que eu divido por quem? E qual tabuada eu olho?? Como é mesmo que se arma esta conta???
O pai, ao perceber a angustia do filho, tenta ajudar.
- Alguma dúvida joãozinho?
- Não sei muito bem como fazer papai. Como saber quem divide quem?
- O maior divide o menor! Minha professora sempre dizia!
- Hum...- mugiu o menino incerto.
- Deixe-me fazer um exemplo pra você Joãozinho-disse o pai que com destreza aplicou o método que havia aprendido mais de vinte anos atrás.
- Viu como é simples filho?
- Tudo bem. mas porque este risco abaixo do resto?
-Não sei filho, eu aprendi assim. Acho que pra sinalizar que acabei.
- Mas eu já sei que não dá pra continuar dividindo!
- Chega deste papo! Termine você agora!
Agora sozinho, o garoto percebera que não sabia tanto assim...
- Dois dividido por seis?!...-pensou o menino em voz alta- Tenho duas canetas pra dividir por seis alunos...Não dá! Aí...que difícil! Seria mais fácil se eu quebrasse as canetas ao meio e desse meia caneta pra cada um e as tampas para os outros dois...

Esta pequena crônica descreve a aventura invisível e quase solitária de Joãozinho e a divisão. Joãozinho não sabe divisão? Pelo contrário! Joãozinho entendeu algo que muitas pessoas chegam a vida adulta sem entender: frações(uma expressão da divisão).  Isso fica claro quando o menino é capaz de identificar que para dividir duas canetas entre seis alunos, precisaria dividi-lás em três pedaços. Então porque Joãozinho não conseguiu resolver os probleminhas? Parafraseando a professora,"muito simples"! Porque a professora chegou na aula com o conhecimento pronto, definindo ponto de partida, caminho e chegada. Joãozinho pensou por outro caminho e por isso não foi capaz de resolver o problema. Um olhar mais atento e aberto da professora teria facilitado a aprendizagem do jovem. Este aluno pode ficar com uma dificuldade crônica em matemática por não ter sido capaz de entender o que a professora disse. Quando o estudante não consegue usar a via de aprendizagem proposta pela professora ele pode ficar com a auto-estima prejudicada. Isso pode ser acentuado por brincadeiras de colegas, críticas de familiares ou mesmo da própria professora. Quando alguém que é referência para uma criança repete sistematicamente que uma criança, por exemplo, é burra, ela tende a acreditar. Não existe um ser humano incapaz de aprender, entretanto existem muitos não qualificados para ensinar,inclusive professores. As vezes pode ser apenas descuido, mas professores precisam entender sua responsabilidade.
Joãozinho: estaremos contigo! Siga te esforçando e nós seguiremos te acompanhando!

Magnum Lepkoski

sábado, 25 de outubro de 2014

Crianças da educação infantil engajadas no Outubro Rosa

Outubro Rosa é uma campanha de conscientização que tem como objetivo principal alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama .Esta campanha acontece com mais intensidade no mês de outubro e tem como símbolo o laço cor de rosa.
Então eu, como mulher e professora, sempre engajada em prol de uma boa causa, coloquei o meu laço rosa e fui para a escola.
 Ao chegar na minha sala, uma turminha de nível IV, fui surpreendida por todos que logo foram perguntando o motivo de eu estar usando aquele laço. Fiquei feliz e motivada com a curiosidade, afinal o conhecimento na nossa turma se dá através do interesse que vem deles, tudo é motivo para pesquisar e aprender. Convidei-os para sentar e conversar sobre o motivo do uso do laço rosa.
Primeiro deixei que perguntassem o que queriam saber. Muitos disseram que já haviam visto esse laço em prédios e nas pessoas na rua, mas não sabiam o que significava.
Estamos trabalhando com o projeto sobre o Corpo Humano, então foi mais fácil discutir sobre esse assunto, pois eles já tem esse conhecimento sobre as várias partes do corpo humano e as diferenças entre homens e mulheres.
Conseguiram perceber que se era câncer de mama, só as mulheres poderiam ter essa doença, pois os homens não tem seios, foi bem engraçado vê-los chegando a essas conclusões. 
Após alguns minutos de conversa eles já estavam bem informados do que se tratava o câncer de mama.
Mostrei à eles como as mamães e mulheres da família deveriam fazer o auto-exame em casa mesmo.
Eles prontamente fizeram igual para poder ensinar as mamães em casa.
Perguntei se eles também gostariam de participar dessa campanha tão importante. Todos responderam "sim" em coro. 
Várias ideias surgiram e eu também fui dando sugestões, na minha sala nada é ditado por mim, deixo eles escolherem e planejarem a atividade e vou contribuindo através do que eles me passam.
As meninas sugeriram de todos irmos de camiseta rosa, mas isso gerou polêmica entre os meninos. Achei a ideia interessante e tratei de instigá-los do por que não usar a camiseta rosa.
Fatores dentro da sociedade e cultura induzem crianças desde cedo a acreditarem que existem atividade, valores e ações determinadas para homens e mulheres, mas hoje em dia a realidade é outra. 
E os meninos repassaram isso em suas falas, dizendo que quem usa rosa é menininha. Questionei, quem tinha dito isso, e por que eles achavam que se usassem rosa iriam virar menina. A discussão rolou solta, até que um dos meninos entendeu que a cor da camiseta não define o sexo e disse que iria pedir para a mãe comprar uma camiseta rosa para ele participar da campanha. Vibrei com tal atitude e maneira do meu aluno se colocar e se posicionar diante de um fato bem polêmico.
Elogiei  a sua atitude e então os demais meninos resolveram também aderir a camiseta rosa e deixar o preconceito de lado. 
Resolvemos juntos que iríamos entregar laços na escola e incentivar todos a participar da campanha.
Até ai tudo correu muito bem, conseguimos resolver questões problemas e encontrar soluções.
Fiquei super empolgada com a postura da minha turma que conseguiu através de uma simples pergunta elaborar uma atividade que não estava no planejamento , mas que foi perfeitamente lincada com o assunto do projeto e vai envolver toda comunidade escolar.
Na saída ao entregar as crianças que faziam comentários sobre a nova atividade, era visível o semblante de decepção dos pais dos meninos, que não satisfeitos ainda faziam comentários, como:" Tu não vai usar rosa né meu filho". E eles me olhavam e não sabiam o que dizer, meu trabalho da tarde ali colocado em dúvida pelo pensamento machista dos pais que acreditam que a cor de uma camiseta vai influenciar no gênero do filho. Até tentei argumentar explicando da importância da campanha,  porque os meninos tem mães, irmãs, avós, tias, um dia terão esposas, filhas. Enfim,  convivem na sociedade com muitas mulheres.
Eu defendo uma educação que seja capaz de formar cidadãos críticos, reflexivos, autônomos, conscientes de seus direitos e deveres, capazes de compreender a realidade em que vivem preparados para participar da vida econômica,social e política do país e aptos a contribuir para a construção de uma sociedade mais justa.
Enfim, a atividade acontecerá na próxima segunda-feira e estou ansiosa para ver o que vai acontecer, será que eles virão de rosa? 






quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Olá queridos leitores, colegas, amigos e familiares!

Venho através deste blog dividir e trocar ideias sobre os temas relacionados à educação.
Sou Pedagoga, e atualmente trabalho como professora de educação infantil.
Meu trabalho me fascina e a cada dia aprendo ao ensinar aos meus alunos, assim como eles me ensinam ao aprender. Quero dividir experiências e somar com novas ideias e pensamentos aqui compartilhados.
Sejam bem-vindos e sintam-se convidadíssimos a participar deste blog com sugestões, comentários, críticas e dúvidas.